sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Racismo x Vitimismo


            Hoje em dia existe uma grande polêmica em torno de racismo. A um grande número de pessoas que se sentem na posição de falar o que é racismo e o que deixa de ser. O que é o famoso “vitimismo”. Em primeiro lugar gostaria de dizer que esse não é meu lugar de fala, mas como branca que reconhece seus privilégios e que tem um público extenso, me encontrei no dever de escrever sobre o assunto. Faço questão que esse texto seja revisado por pessoas confiáveis e peritas no assunto, para anular perigos de erros.

O que é lugar de fala e qual é o meu?
O termo lugar de fala no Brasil ficou famoso através da filosofa Djamila Ribeiro em seu livro O que é lugar de fala? O termo trata-se de sujeitos que pertencem a determinados grupos sociais e se sobrepõe em questão de experiencias individuais. Ou seja, uma pessoa que sabe o que está falando porque passa por isso. Por exemplo, negros têm total fala a respeito de racismo. Isso não significa que brancos não possam falar sobre racismo, só significa que não tem total credibilidade por que não sente ele na veia todos os dias. Mesmo que conheça negros, não é negro. Então saiba onde seu papel em cada assunto começa e o mais importante, onde acaba.
            Voltando ao assunto principal, tenho certeza que pessoas (maioria) que falam que racismo é vitimismo, não são negras. “Ah, mas eu tenho conhecido negro”. Não importa, você falar que algo que você não passa, que você não tem que sentir na pele é vitimismo, é muito fácil. Você nunca foi considerado suspeito ou até mesmo culpado por sua cor de pele. Você nunca foi expulso de um estabelecimento ou mal atendido por sua cor. O racismo está tão enraizado que as pessoas brancas ainda acham que tem direito de denominar ou selecionar quem sofre racismo e quem não. Eu já expliquei aqui no blog a diferença entre racismo e injúria racial. Basicamente é: Racismo é se sentir superior ou se colocar superior a alguém usando como justificativa a cor, injúria racial é ofender ou não respeitar alguém pela cor. É ai que entramos com o discurso de “Racismo reverso”. Vou pontuar argumentos que provam que isso não existe.
1º: Racismo se refere a raça, de forma geral, não apenas a negros.
2º: Negros não é a única raça que existe.
3º: O principal do racismo consiste em soberania, se impor a uma minoria, controlar, se considerar superior e pura. Desde que o mundo é mundo não vemos os negros controlando brancos, sendo superior ou torturando.
                  Se, eu digo SE existisse, seria apenas racismo. Porém não existe levando em consideração o ponto 3. “Então é considerado injúria racial já que me chamavam de palmito, leite azedo quando eu era criança?”Não. Porque você nunca perdeu ou vai perder um emprego, deixar de comer em um restaurante por ser branco. Você nunca vai ser mal atendido ou mal recebido por isso.
O racismo está cada vez mais enraizado em nosso dia a dia. Você não precisa estar escravizando alguém para ser racista, você não precisa falar diretamente com um negro para ser racista, você pode ser racista, usar termos racistas ou até gestos que podem ser racistas. Uma cara feia, um comentário maldoso, não querer convivência ou não querer em seu estabelecimento. E você usar termos racistas não significa que você seja uma pessoa racista.
Vou citar exemplos de atitudes racistas que talvez você tenha e não saiba. Talvez você conheça muitos termos que são racistas e nem tem esse conhecimento.
  • Criado mudo: Quando parei para analisar esse termo e depois tive conhecimento da história, eu fiquei definitivamente muito chocada, o termo se enraizou na sociedade e o móvel de cabeceira ficou conhecido pelo nome “criado mudo”, o que muitas pessoas não sabem é que esse nome se dá por conta dos tempos de escravidão, onde um escravo ficava sentado ao lado da cama do seu senhor, esperando uma ordem.
  • Mulato: Muitas vezes vindo em tom de elogio, mulata(o) é um termo muito usado para se referir a uma mulher(homem) NEGRA(O), porem mais clara. Esse termo era usado também na época de escravidão, para nomear as pessoas que eram filhas de escravas e o “senhor”. Mulato vem do animal Mula, cruzamento de cavalo com jumenta, ou jumento com égua.
  • “Você é um(a) negro(a) tão bonito(a)”: Também em uma tentativa de elogiar, quem usa essa frase muitas vezes acaba ofendendo. Soa como se apenas aquele negro fosse bonito, os outros não.
  • “Vou te colocar no tronco”: Tendo em vista a tentativa de um castigo ou corretivo, a pessoas acaba se referindo a um passado de tortura, onde o tronco era usado para prender negros e tortura-los em tempos de escravidão.
  • Mercado negro, lista negra, denegrir, inveja branca: Normalmente vemos branco ser usado como algo bom e positivo e negro como algo ruim, feio e sombrio.
  • “Não sou tuas negas”: A mulher negra luta diariamente contra a objetificação enraizada da mulher negra, desde a escravidão a mulher negra é usada como símbolo sexual e objeto de prazer pelos senhores brancos. Mulheres brancas eram pra se casar, negras pra se divertir sexualmente.
                 “Nossa Carol, mas você está exagerando”, Ah jura? Então faz o seguinte, inverta as situações. Vamos de exemplo, teria qual sentido se referir ao mercado como “mercado branco”? Ou lista branca, você já elogiou um branco dizendo “nossa você é um branco tão bonito"? Acredito que não. Quando for pensar em uma situação, coloque ao contrário. Se ficar a mesma coisa, ok. Se não, reveja seus conceitos. Isso não é vitimismo, isso é igualdade. Colocar 2 seres humanos na mesma posição mesmo que ela não seja a mesma. Porque se você for analisar de perto os brancos que se fazem de vítima, os brancos que tentam se desvencilhar de sua culpa e sua história suja de racismo. O racismo e o preconceito não morreram junto com a escravidão. O branco ainda tem muito conta a pagar e podemos começar ouvindo o que eles têm a dizer calados. Ok, te entendo. Não fomos eu ou você que escravizamos os negros há mais de 130 anos. Mas nós ainda estamos colhendo os privilégios pelos nossos antepassados terem o feito. Se você olhar bem de perto e com olhar crítico, você encontra. O Brasil é um dos países que existe mais variedades de raças e etnias no mundo, mesmo assim ainda luta diariamente pras pessoas brancas aceitarem que negros também são seres humanos, e são seres humanos que carregam uma marca eterna de dor, dor que os nossos antepassados causaram. Aproveite e pense que o que você fizer agora e não colher em sua vida, os seus próximos irão. Não é vitimismo, jamais foi e jamais será.
O que nós brancos podemos fazer pelo racismo?
Acima de tudo admitir que ainda existem vestígios da escravidão e que os negros de hoje ainda sofrem com eles. Admitir que ainda colhemos os privilégios disso. Tentar abrir os olhos de quem conhecemos a respeito disso e indicar pessoas que entendam do assunto para que eles aprendam com quem tem poder de fala.



quarta-feira, 17 de julho de 2019

Depressão

ALERTA GATILHO (se você não lida bem com o assunto, não leia)

                 Eu já perdi a conta de quantas vezes eu escrevi sobre esse assunto neste blog (Vou deixar todos os links ao fim do texto). Não tem jeito, é um assunto que sempre vem à tona. Depressão, suicídio, ansiedade e pessoas que não respeitam essas doenças da forma correta. Já escrevi também sobre pessoas tóxicas, que normalmente são os gatilhos para esses tipos de transtornos. Nesta segunda feira já acordei com a noticia que uma jovem havia tirado sua própria vida "após ser deixada no altar" e que ela sofria de depressão e ansiedade desde a infância, logo me veio a vontade e necessidade de escrever sobre o assunto, porem resolvi esperar um dia para novas informações e confirmações. Alinne Araújo, uma jovem de 24 anos, que sofria todos os dias, o tempo inteiro, se jogou na janela do nono andar do seu apartamento, um dia após o seu casamento consigo mesma. De acordo com a mãe, que estava com ela a todo o momento após o acontecido (seu noivo terminou o casamento um dia antes da cerimônia por mensagem) e disse que a jovem ao seu ver estava bem, aparentemente, fisicamente. Porem ela sabia que por dentro Alinne estava quebrada. Logo após o ocorrido Alinne postou uma foto com um texto, segue o texto:

rtt @sejjesincera
                 Segui todos esses dias me perguntando se ela havia feito isso por conta do que o seu ex-noivo fez. Se esse teria sido realmente o único solitário motivo pra ela querer acabar com tudo dessa maneira. Vou dizer o que eu acho de tudo isso, minha análise a respeito e vocês estão livres pra me dizer se concordam ou não comigo. Não foi só o noivo, não foi só o fim do casamento, o fim do sonho, a mensagem, o fim da história, a dor da solidão e o desejo de que tudo tivesse acontecido como o planejado. Foram também as pessoas que decidiram que queriam castigá-la. Ao postar no Instagram o que havia acontecido Alinne expôs para muitas pessoas sua história e sua dor. Como já é de praxe, as pessoas estão na internet para derramar rancor e são em sua maioria pessoas amargas. Julgaram Alinne, repudiaram, faltaram com respeito. Pra uma pessoa com a mente saudável, esse tipo de coisa não afeta. Porem uma pessoa com a mente saudável não iria tomar esse tipo de atitude. As pessoas que fizeram isso são extremamente tóxicas. Ela já estava sofrendo, já estava difícil, já estava doendo e aquelas pessoas decidiram que queriam apertar a ferida e fazer doer mais. Decidiram que queriam acabar com ela. Sim, decidiram. Elas não conheciam Alinne, não sabiam de sua história e não tinham por que dar opinião. Antes de falar qualquer coisa deveriam pesquisar, ler, entender um pouco daquela pessoa pra falar sobre a vida dela.  A internet não é um bom lugar nem para pessoas saudáveis, que dirá para uma pessoa com depressão. Na internet raramente encontramos empatia, compaixão, sororidade. Algumas pessoas conseguem filtrar tudo isso, mas quem tem depressão não. O acumulo de noticia ruim, de negatividade são atraídas facilmente. Pessoas com depressão são intoxicadas facilmente. A internet em si é tóxica. Composta em sua maioria por pessoas amargas, não que essas pessoas também não possam ter depressão, inclusive existe uma grande chance de isso acontecer. Por isso aconselho a quem não consegue filtrar as impurezas da internet, não se deem ao trabalho de tentar. Vocês não precisam provar nada a ninguém. Não precisam convencer as pessoas do que vocês têm ou são. Se quiserem ajudar pessoas, transmitam suas mensagens e saia. Faça a sua parte e absorva somente o bom e o que acrescenta.
                 Nas mídias sociais é cheio de fiscais da saúde mental. Pessoas que nunca foram preparadas para o assunto, nunca leram sobre o assunto e nunca nem se quer tiveram depressão. Pessoas que realmente acreditam que são capazes de dizer quem tem depressão e quem não. A frase mais famosa é - "fulano fala que tem depressão, é mentira. Quem tem depressão não fala." - MENTIRA!!! Quanto mais os dias vão se passando, mais as pessoas estão se sentindo a vontade de falar sobre o assunto. E quando uma pessoa tem coragem de falar sobre o que se passa dentro dela, é uma conquista. Se você não é profissional, você não tem capacidade de diagnosticar ou não alguém com qualquer doença que seja.

Você quer ajudar?
                 Se faça presente! Não precisa de mais. Se você conhece alguém que passa por isso, esteja lá quando a pessoa precisar seja a pessoa que escuta e não julga. A pessoa que respeita que coloca pra cima. Seja a pessoa que ACRESCENTA. A vitima vai tentar te afastar, pode até que faça um grande esforço pra que fique sozinha, pra se isolar. Não permita isso. Seja teimoso e chato. Quem tem depressão não precisa ficar sozinho, não pode ficar sozinho.

Gatilhos
                 Eles vão sempre existir, a pessoa está bem, aparenta estar até curada. De repente um gatilho e tudo desmorona de repente tudo parece estar como antes. Gatilhos são acontecimentos repentinos, não têm aviso, pode estar em nossas vidas, na vida de outras pessoas, em um filme, uma série, uma noticia. Fiquem atentos aos gatilhos. 

                 Irei escrever um relato de um leitor que tem depressão, para ler é só me pedir o link. Se você tem depressão ou desconfia disso, me chame. Me envie um e-mail ou me mande uma mensagem no Whatsapp, estarei disponível para conversa. 

Caso precise de ajuda anônima, procure o centro de valorização da vida. LIGUE 188 a qualquer hora do dia.


Você vale, sua vida vale MUITO.

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Suicídio - 11 de janeiro, 2014
Ansiedade - 12 de abril, 2016
Depressão - 9 de maio, 2017
Ansiedade - 26 de agosto, 2017
Depressão - 20 de junho, 2018

Basta clicar do assunto em azul para ler.



segunda-feira, 6 de maio de 2019

Pessoas Tóxicas

                                Estamos sempre falando sobre relacionamentos abusivos, mas depois de assistir a série Areia Movediça da Netflix e me dei conta que nunca escrevi, falei ou se quer pensei em pessoas tóxicas. Essa série conta a história de Maja, uma estudante do ensino médio que está sendo acusada de massacrar amigos em uma sala de aula do ensino médio junto com seu namorado, Sebastian. Eles se conhecem nas férias de verão, muito apaixonados eles passam dias juntos, começam a frequentar a casa um do outro, conviver com familiares, ir a escola juntos. Com o tempo Maja começa a se afastar dos amigos. Sebastian aparenta ter problemas sérios com depressão e comete uma tentativa de suicídio. O relacionamento dele com o pai é horrível, constantemente ele é espancado e maltratado. Os dois começam a usar drogas juntos, se afastar dos amigos e fazer absolutamente tudo junto. A promotoria acredita que ela tenha planejado o crime junto com Sebastian e que ela atirou em sua melhor amiga friamente e de proposito. Acredita que o plano deles era se matar depois do massacre, mas que Maja não conseguiu prosseguir com esse plano. Conforme vai mostrando os passos do julgamento, mostra também a historia ate ali, desde que Maja conheceu Sebastian, cada detalhe. Sebastian era uma pessoa tóxica e que Maja não tinha envolvimento naquele crime, Sebastian entrou na sala de aula e atirou em um professor e alunos, então Maja pega outro rifle e ao tentar atirar em Sebastian, atira em sua amiga Amanda e depois mata Sebastian. Ele era extremamente egoísta, arrogante, violento, se divertia ao humilhas as pessoas, fazia terror psicológico de forma inconsciente para que as pessoas não desconfiassem, nem mesmo Maja. Ele a manipulou e realmente acreditava que ela tinha consciência do que ele queria fazer e concordava. Ele a estuprou, agrediu, matou seus amigos e a fez passar por traumas que nunca esquecerá.
                             Também não podemos esquecer o que a cantora Rihanna passou e tem passado. Ela foi agredida em 2009 pelo rapper Chris Brown, seu rosto ficou todo ferido e cheio de hematomas, a cantora teve de ser hospitalizada. O rapper foi indiciado e respondeu o processo em liberdade, Rihanna conseguiu uma ordem de restrição. Depois o rapper tatuou o rosto da cantora cheio de hematomas no pescoço e declaro ser “uma mulher que apanhou”. Chris Brown é uma pessoa tóxica. Ele é uma pessoa negativa, sem caráter, covarde, ele tentou culpar a Rihanna pela agressão e deixou a entender que ela mereceu. Pior de tudo, todos sabem que ele é um monstro e ele continua livre, tendo a oportunidade de agredir quem ele quiser e acabar com a vida de quem ele quiser.
                        Pessoas tóxicas acabam com a vida de pessoas vulneráveis, elas são destrutivas, exalam negatividade, ódio e mau caráter. Elas não precisam necessariamente ser namorado ou namorada, nem ser homem. Existem muitas amizades tóxicas, muitos familiares e mulheres tóxicas. Elas sugam nossa felicidade, nossa vitalidade, elas manipulam, maltratam e se divertem com isso. Extingue qualquer pessoa que você considere um pouco toxica da sua vida. Se observe, saiba identificar se VOCÊ é uma pessoa tóxica. Tomem cuidado, pessoas toxicas podem acabar com vidas e elas não se importam com isso.



Leia também:DepressãoCoisa mais linda - NetflixAbsorvendo o Tabu - Netflix

terça-feira, 2 de abril de 2019

MULHER, conheça seu corpo

                      Há uns dias eu vi um documentário na Netflix de poucos minutos, chamado Absorvendo o Tabu. Se você quiser assistir o documentário, eu indico. Caso não, pode continuar lendo que você vai entender mesmo assim. Nesse documentário me deparei com a realidade das mulheres que vivem em regiões da Índia, onde a menstruação é um tabu. Os homens dizem que é uma doença, as mulheres morrem de vergonha de falar sobre o assunto e nem se quer sabem o que é só sabe que acontece. As mulheres não vão aos templos nesse período, pois dizem que suas orações não são ouvidas. Absorvente é caríssimo e só quem tem condições usa, quem não condições, usa um paninho. Algumas mulheres param de estudar quando a menstruação chega, não tem como conviver em sociedade quando se menstrua. Você é vista como um ser de outro planeta. Esse é um dos tabus que ainda existem na Índia.
                         Que pouquíssimos homens conhecem o corpo feminino, isso não é novidade pra ninguém. Porem, de uns tempos pra cá venho observando como a maioria das mulheres também não conhecem o próprio corpo, não o respeita e o limita. Quando escrevi sobre a realidade de ser mulher mencionei como os homens são influenciados a se tocar desde muito jovens, a conhecer o próprio corpo, como a curiosidade masculina é alimentada todo tempo. Já a feminina é contraída, ignorada e desprezada. Nós mulheres não somos influenciadas a nos tocas, a conhecer nosso corpo, pesquisar sobre ele, entender ele, mas deveríamos. Vou mencionar algumas coisas aqui que talvez você mulher saiba, se não souber, vai começar a aprender (HOMENS PODEM PULAR ESSA PARTE SE QUISER):

  • Menstruação não é suja
  • A menstruação é apenas uma forma de escape do endométrio, onde o ovulo fecundado se fixa, desenvolvendo a placenta e o embrião. Nada mais que sangue, como qualquer outro sangue dentro do corpo. Não tem cheiro forte e não é podre. O sangue apenas se torna sujo quando entra em contato com o oxigênio por muito tempo. No próprio absorvente é onde o odor vai ficar cada vez mais forte.

  • A vagina não precisa de faxina
  • Uma grande informação inovadora: A VAGINA É AUTOLIMPANTE. Ela não precisa de sabonete intimo, nem de bicarbonato ou alho pra ser higienizada. Nela existem varias bactérias e fungos que beneficiam sua higiene, o uso de produtos podem retirar essas defesas fazendo com que a mulher tenha candidíase, infecções etc.

  • Candidíase não é somente uma DST e também não é falta de sujeira
  • A doença pode ser uma consequência do item acima ou apena um parceiro que não fez o tratamento adequado junto a sua parceira. Sim, homens também contraem candidíase.

  • Pelo é higiene
  • Por mais absurdo que isso pareça, pelo não é nojento e muito menos falta de higiene. Qualquer parte do corpo humano que tem a presença de pelos precisa deles pra se manter segura e limpa. Uma mulher que para de se depilar ela não esta sendo porca, uma mulher que usa sabonete intimo na vagina está.

  • Vagina tem cheiro de vagina
  • Ela não vai ter cheiro de flores, não importa se você usa sabonete intimo, se você usa desodorante intimo se usa absorvente com cheiro de rosas, ela vai continuar com cheiro de vagina, ÁCIDO. 

  • O clitóris existe
  • Ele esta ai para ser usado, por você e por seu/sua parceiro (a). Apenas 36% das mulheres têm orgasmos em todas as suas relações. Isso claramente acontece porque a mulher em questão não conhece o próprio corpo, não respeita os próprios desejos. Você também tem direito de ter um bom orgasmo, seja feliz.
  • Vagina uma coisa, vulva outra
  • A parte de dentro e de fora têm nomes diferentes, dê uma olhada em imagens se você não entendeu nada. A vulva pode ser lavada com sabonetes etc., a vagina não.

  • Calcinha é anti-higiênico? Depende da situação
  • Tenho lido um numero grande de mulheres dizendo para outras que o ginecologista delas indicou ficar sem usar calcinha, que isso faz bem para a saúde intima. Vamos com calma. Nem tudo que serve pra você, serve pra coleguinha. Toda mulher tem ou teve corrimento na vida e ficar sem calcinha pode fazer com que esse corrimento vá para todos os cantos e passe despercebido. Antes de cortar o uso da calcinha, a mulher precisa aprender a cuidar de sua higiene, muito cuidado quando urinar, a vagina deve ser LAVADA. E o mais importante, se você optar por usar calcinha, elas também precisam de uma atenção especial. Você não pode simplesmente socar elas na maquina e bater com tudo que tem direito. NÃO!!! Isso faz mal para sua saúde. Calcinha se lava com sabão NEUTRO. 


HOMENS VOLTEM A LER AQUI
                                  O corpo feminino é muito mais complexo do que podemos imaginar, chegou a hora das mulheres começarem a respeitar mais ele e parar de se entregar a tabus ignorantes que já nem deviam mais existir. Se permita, estude mais sobre sua casa que é seu corpo. Mulheres são mutilada no clítoris para não sentir prazer. Se conheça, se respeite e exija respeito! 



terça-feira, 26 de março de 2019

Coisa mais linda - Netflix

ALERTA SPOILER

                        Esse mês a Netflix lançou uma série com toque feminista, que quando eu fiquei sabendo, corri para assistir. A série é definitivamente a coisa mais linda, a fotografia é incrível e a historia mais ainda. A série se passa em 1959, o século passado não foi nada confortável para as mulheres, foi aos poucos que as mulheres foram conseguindo certos direitos, simples. Direitos que hoje em dia escutamos que as mulheres eram proibidas de ter e achamos um absurdo. Assistindo a essa série, eu percebi como as coisas mudaram, bem lentamente. Eu já tinha noção que o feminismo conquistou muita coisa ao longo dos anos, mas não tinha noção do tamanho dessa conquista. A série aborda temas que foram completamente esquecidos conforme os anos foram passando e as mulheres foram tendo certas liberdades.
                    A série conta a história de Malu, uma paulista que pretendia abrir um restaurante com seu marido Pedro, que fugiu com todo seu dinheiro. Assim que a serie começa já começamos a perceber indícios de machismo, ele fugiu com o dinheiro dela e a abandonou por outra mulher, mesmo assim a culpa era de Malu. Não foi uma boa esposa. Maria Luíza, nunca trabalhou na vida, sempre viveu as sombras de seu pai fazendeiro ou seu marido, agora abandonada pelo marido e mãe solteira, de repente Malu tem a brilhante ideia de abrir um clube de musica. Malu não pode pegar um empréstimo porque precisa da assinatura de um homem. Mulheres não podiam abrir conta em conta, não podiam ter um cartão, nem ter o próprio negocio em seu nome. As mulheres não podiam nem trabalhar fora de casa, que já eram consideradas mulheres da vida, independente do trabalho que fosse fazer. Mesmo com os altos e baixos, mesmo com os julgamentos, Malu insiste em seu clube e vai atrás de seu sonho, junto a Adélia. Seu pai insistindo para que se casasse novamente, pois uma mulher em suas condições acabaria com o nome da família (algo que era muito valorizado naqueles tempos, o tal “nome”), ameaçou tirar a guarda de seu filho por não concordar com a vida que a filha escolheu levar. Mas Malu não estava sozinha, ela tinha Adélia como sócia. Adélia, negra, favelada, pobre, mãe solteira e empregada domestica. Sua filha Conceição não é filha do Capitão, como mostrado desde o inicio, é filho de Nelson, seu antigo patrão pelo qual ela se apaixonou. Mas ele ficou com vergonha de assumi-la diante da família e da sociedade. Típico daquela época (vamos frisar que ainda acontece). Homens ricos e brancos com vergonha de ter uma mulher negra e pobre do seu lado, não existia amor que os fazia enfrentar o preconceito. Adélia teve que criar sua filha sozinha, trabalhando duro, sendo humilhada apenas para conseguir colocar um prato de comida na mesa. O tal patrão? Nelson, marido de Thereza, feminista, morou em Paris e trabalha fora como jornalista em uma revista sobre mulheres que é escrita por homens. As revistas da época ensinava como as mulheres deviam agir para agradar os homens, para serem boas esposas. Como se comportar, se vestir, cuidar da casa, etc. Thereza tentava fazer a diferença ali, engajada, moderna, influencia seu chefe até a contratar outra mulher, Helô. Thereza também tem seu drama, perdeu um filho após o nascimento e não podia mais ter filhos. Naquela época era um absurdo uma mulher que não podia dar um filho a seu marido. Mas não só isso, Thereza queria ser mãe e sofria muito com isso. Aparentemente ela é bissexual, se interessa por Helô. Difícil saber já que seu casamento com Nelson é bem aberto a novas experiências, bem diferente do casamento de Augusto e Lígia, que é um casamento cheio de limitações para Lígia e violências. Augusto bate e até estupra sua esposa, a proíbe de cantar, seguir seu sonho. E como de praxe, a mulher tinha que escolher entre o casamento ou o próprio sonho. Também vemos Lígia se culpando, dizendo que apanhou porque mereceu. Sabendo que seu marido não gosta que ela cante, mesmo assim ela cantou. Apanhou novamente por cantar e teve a coragem de subir no palco e continuar o show mesmo sem a aprovação de seu marido. Ao ter que escolher entre ter um filho com aquele homem covarde e podre ou sua carreira e seu sonho, Lígia escolhe sua carreira e faz um aborto. Vocês tem noção de como era visto o aborto naquela época? Se hoje em dia o aborto ainda é demonizado, imagina em 1959. Vejo a situação de uma mulher completamente sem saída, gravida de um marido abusador, se privando de viver a própria vida. Se tivesse aquele filho, teria que escolher entre ele e sua própria vida e isso não é justo. 
                        Enfim no final acontece o que eu já esperava, sangue feminino derramado porque elas fizeram as suas escolhas. Porque fizeram de suas vidas, o que queriam. Porque estavam onde queriam estar, sem precisar da permissão de nenhum homem. Ao ver Lígia e Malu baleadas, me lembrei de todas as mulheres mortas por serem mulheres, me lembro de que isso ainda acontece, mas essa serie me deu esperança. Ver como as coisas eram piores e foram melhorando aos poucos me fez acreditar que elas podem continuar mudando. Que talvez daqui 60 anos não exista mais mulheres morrendo simplesmente por serem mulheres, que possamos andar na rua sem medo de sermos estupradas, espancadas. Fez-me ter esperança que daqui uns anos sejamos tratadas como humanas e finalmente RESPEITADAS.

Essa série também vai ajudar as pessoas a entenderem como o feminismo é necessário. Vai mostrar como a vida delas seria sem ele, que não poderiam trabalhar, estudar, ter o seu próprio dinheiro, se vestirem como quiserem, pagar as próprias contas, dirigir, escolher se quer só namorar, casar ou nenhum deles.  Escolher com quem se relacionar, independente da orientação sexual e futuramente talvez muito mais que isso.



sábado, 23 de março de 2019

Massacres, Jogos e o Bullying

                          Precisamos conversar sobre o risco que nossas crianças e adolescentes correm o tempo todo. Não é de hoje que presenciamos tragédias envolvendo crianças e adolescentes. Sim, estou escrevendo isso por conta do massacre que houve em Suzano. São tantos massacres famosos, vou falar um pouco sobre eles:

Colorado, Estados Unidos – 20 de abril de 1999
Eric Harris de 18 anos e Dylan Klebold de 17 anos foram os responsáveis pelo massacre que deixou 12 vitimas e 21 feridos, na escola Columbine High School em Columbine localizado em Colorado (EUA). Eric e Dylan se suicidaram na biblioteca da escola. Ambos sofreram bullying e já haviam demonstrado atitudes agressivas anteriormente ao massacre.

Realengo/RJ, Brasil – 7 de abril de 2011
Wellington Menezes de Oliveira de 23 anos foi o responsável pelo massacre que deixou 13 vitimas e 23 feridos na escola Tasso da Silveira no Rio de Janeiro (BR). Wellington se suicidou no local. Ele se refere em uma carta, ao bullying sofrido na escola: "Muitas vezes aconteceu comigo de ser agredido por um grupo, e todos os que estavam por perto debochavam, se divertiam com as humilhações que eu sofria, sem se importar com meus sentimentos". E, conforme o depoimento de um ex-colega: "Certa vez no colégio pegaram Wellington de cabeça para baixo, botaram dentro da privada e deram descarga. Algumas pessoas instigavam as meninas: 'Vai lá, mexe com ele'. Ou até o incentivo delas mesmo: 'Vamos brincar com ele, vamos sacanear'. As meninas passavam a mão nele (...). Esses maus-tratos aconteceram em 2001. Naquele ano, em 11 de setembro, o maior ataque terrorista de todos os tempos virou obsessão para Wellington".

Florida, Estados Unidos – 14 de fevereiro de 2018
Nikolas Jacob Cruz de 19 anos é suspeito de um massacre na escola Marjory Stoneman Douglas High School na região metropolitana do Sul da Florida (EUA) que deixou 17 vitimas e 15 feridos. Nikolas foi preso no local e acusado a 17 homicídios premeditados. Um ex-colega de classe disse que Cruz tinha problemas de raiva e fazia piadas sobre armas e violência, incluindo tiroteios em estabelecimentos. Em 2016, um aluno descreveu Cruz como uma pessoa super estressada e que falava de armas a todo momento e escondia o rosto. Um estudante atual disse, "Eu acho que todo mundo tinha em mente que se alguém fizesse isso, seria ele".

Texas, Estados Unidos – 18 de maio de 2018
Dimitrios Pagourtzis de 17 anos invadiu a escola Santa Fe High School no Texas (EUA) e deixou 10 vitimas com tiros, também foram encontrados explosivos nos arredores da escola. O adolescente se entregou aos policiais e disse que pretendia se matar, mas não teve coragem. Um colega de escola, Dustin Severin (17) afirmou que Pagourtzis sofria bullying, "Ele já foi alvo de piada por treinadores antes, por cheirar mal e coisas assim", disse Severin à emissora. "E ele não fala muito com muitas pessoas também. Ele fica mais na dele.".

Suzano/SP, Brasil – 13 de março de 2019
Guilherme Taucci Monteiro de 17 anos e Luiz Henrique de Castro de 25 anos foram os responsáveis pelo massacre que deixou 8 vitimas e 11 feridos na Escola Estadual Professor Raul Brasil em São Paulo (BR). O adolescente Guilherme atirou em Luiz e se matou logo em seguida. Ambos estudavam na escola Raul Brasil e eram amigos há 14 anos. Não há nenhum relato confiável de que qualquer um deles tenha sido vitima de bullying. De acordo com cadernos que autoridades encontraram, eles veneravam armas. A atendente da Lan House que eles frequentavam alegou, "revezavam um pingente de colar em forma de cruz com uma suástica nazista".

                             As pessoas especulam nas redes sociais que o motivo pelo qual esses jovens chegam a massacrar alunos em uma escola, é o bullying. Todos esses casos que escolhi escrever os responsáveis pelos massacres realmente estudaram o estudavam na escola atacada, mas eu não acredito que apenas o bullying seja um motivo para um jovem matar tantas pessoas e depois se matar. Tambem não acho que jogos sejam os responsáveis. Acredito que para as pessoas é muito difícil aceitar que jovens possam ser psicopatas, o fato de venerarem armas, massacres que já aconteceram, venerar assassinos e ter uma raiva dentro de si tão grande que os empurra para cometer tão covardia. Quando pensamos em adolescentes, não pensamos que eles sejam capazes de carregar tanta raiva, tanto rancor a ponto de cometer uma chacina, mas eu os digo que sim, eles são capazes de sentir ódio. 
                              Os adultos querem idealizar que os jovens são isentos de sentimentos ruins, eles não tem depressão, não tem ansiedades, não tem infelicidades por que de acordo com muitas pessoas, eles são muito novos e mal tem experiências pra se sentirem de tal forma. O que torna uma pessoa assim é o que tem dentro dela, o que acontece do lado de fora não vai mudar a escuridão que tem dentro de certas pessoas, eu não acho que elas nasçam com essa maldade, mas que ela vai sendo alimentada e escondida por um bom tempo, ate que enfim chega o dia de colocar ela pra fora. Por isso defendo a ideia de que em vez de proibir seus filhos de jogar vídeo game , vocês deveriam leva-los no psicólogo, conversar mais com eles, fiquem mais atentos as suas atitudes, pergunte aos seus filhos seus ideais, suas opiniões, façam com que eles exponham o que sentem, o que pensam e como pensam. É difícil para nos acreditarmos que aquele jovem próximo a nos seja capaz de fazer uma crueldade, de tirar a própria vida, mas pode acontecer com qualquer um. Com o Guilherme de Suzano, o Nikolas, o Wellington, com filho da vizinha e com o seu filho também. Proteja seu filho que assim você estará protegendo o filho dos outros. Existem pessoas psicopatas, que fazem maldade simplesmente por fazer. Pessoas que não se importam com o certo e o errado. Sabem que é errado, mas não se importam. Pessoas incapazes de ter compaixão, empatia, solidariedade ou se quer de sentir pena. Essas pessoas existem e precisamos parar de ignorar isso. 
                              Precisamos parar de dar motivos, é simplesmente psicopatia. Bullying traumatiza uma pessoa sim, sofrer qualquer coisa pode traumatizar uma pessoa, mas isso não é um motivo para massacrar milhares de pessoas, precisa de muito mais pra se tornar psicopata, precisa alimentar um sentimento obscuro e incontrolável. Eles não demonstram imediatamente que são assim, eles escondem, fingem  e fazem isso muito bem. A culpa não é dos pais, nem dos jogos, nem de influencias, a culpa é deles.




quinta-feira, 7 de março de 2019

Realidade dolorosa de ser mulher

Se você não dá credibilidade ao assunto, não leia!

                           Assim que acabamos de vir ao mundo, logo temos a obrigação de furar as orelhas, por que menina tem orelha furada. Nossos pais já ouvem que “vamos dar trabalho”, porque menina da trabalho. Vai namorar, vai encher de gaviões, pode começar a namorar cedo e engravidar inclusive. Conforme vamos crescendo, temos nossa vida muito restrita, não podemos conversar com muitos meninos porque isso pode parecer estranho e até mesmo perigoso. Sempre vestidas de rosa, lacinho, bastante “fru fru” e bastante coisa que aponte que somos uma menina. Conforme os anos vão passando, chegamos à idade que queremos aprender coisas novas, assim como os meninos. A tão conhecida puberdade, aquela onde os meninos começam a ter pelos, onde começam a conhecer a sexualidade e são estimulados a isso. A tão conhecida punheta é famosa no mundo masculino e isso para muitas mulheres é ensinado como normal. Todo menino bate uma de vez em quando, isso acontece muito na puberdade. Porem, para nós meninas não é bem assim. Desde o inicio da puberdade, quando começamos a mostrar sinais que estamos virando “mocinha”, o incentivo é para que cada vez mais nos contenhamos. Não devemos nos dar ao luxo nem de se quer comentar sobre sexo, isso é exclusividade masculina. Se cometermos esse erro, logo somos taxadas de “pra frente”. Mesmo também estar entrando na fase onde tudo é muito novo, onde começamos a ter pelos novos, onde nosso corpo muda de formas assustadoras aos nossos olhares. A fase onde podemos iniciar um distúrbio de autoimagem, por conta das mudanças não esperadas e não avisadas. Mesmo assim, somos ensinadas a nos calar e não falar sobre essas mudanças e ignorar todas elas, como se fosse possível. O seios começam a dar as caras, algumas meninas ganham muito peso, outras perdem, o quadril se alarga, a menarca aparece, conhecemos absorvente, o inchaço, a tpm (tensão pré menstrual), as dores de cabeça, a cólica, a fadiga. Quando a primeira menstruação aparece somos ensinadas que devemos ter vergonha disso, devemos ter vergonha de algo que acontece com toda e qualquer mulher desde que o mundo é mundo. Devemos ter vergonha de falar sobre menstruação, de comprar absorvente, e quando vazar aquele pouquinho de sangue em público devemos dar um jeito de esconder, as pessoas não podem ver que menstruamos. Elas sabem que isso acontece, mas elas não podem entrar em contato com a realidade do sangue. Isso tudo vira motivo para virarmos piada, na escola, nas ruas, na rede social. Adolescentes podem ser cruéis e é exatamente nessa fase que a garota mais sofre. Logo depois vem a maior descoberta da vida de uma mulher, o clitóris. Ele tem vida, ele tá ali pra alguma coisa, coisa que não nos foi dito. Aquela sensação diferente, estranha. Somos ensinadas a ignorar nossa sexualidade, nosso prazer. Os homens são ensinados a se estimular o máximo que puderem. Nossa virgindade é santificada e ao mesmo tempo menosprezada. Não podemos nos entregar pra qualquer um, tem que ser depois de casada, depois de muito tempo de relacionamento, depois de confiar muito no parceiro. A responsabilidade de usar camisinha e proteger uma eventual gravidez é nossa, porque os homens são ensinados sobre o prazer e o sexo, mas não são ensinados a se protegerem. As mulheres são ensinadas a se fingirem de estatuas e mesmo assim depois a responsabilidade da proteção é completamente delas. Sexo no primeiro encontro? De maneira alguma. Sexo antes do casamento, sem um relacionamento firme? Isso é só pra mulher oferecida, mulher rodada, pra vagabunda... Disseram eles. Mas o homem pode e deve fazer sexo na primeira oportunidade (Ainda bem que existem mulheres “vagabundas”, pois se não fariam sexo com eles mesmos).  
                            Somos ensinadas a nos odiar, a ver a outra mulher sempre como oponente e inimiga. Devemos sempre estar mais bem vestida que a colega, mais bonita e mais bem cuidada. Se ela tiver com o ex, ou for a ex do atual, devemos odiá-la.  Como se não houvesse espaço no mundo para mais de uma mulher. Homem é um troféu, um presente dos deuses, uma benção que temos que agradar, venerar e respeitar pelo simples fato de serem homens e carregar um órgão diferente dos nossos. Na adolescência ainda somos perseguidas por padrões de beleza. Desenvolvemos distúrbios alimentares, de autoimagem, depressão, ansiedades. Sempre buscando a cintura perfeita, o cabelo perfeito, a barriga perfeita. Nossas roupas são controladas a vida inteira. Se usarmos roupas muito curtas logo já somos taxadas de putas e piranhas. Tanta coisa perfeita e eu nem sei o que exatamente é essa perfeição que algumas mulheres tanto procuraram. Garotas engravidam na adolescência, são julgadas, maltratadas, humilhadas. As pessoas nem se quer verificam se tiveram a assistência necessária. Porque como havia dito, somos ensinadas a ignorar nossa sexualidade e responsáveis sempre por evitar uma gravidez indesejada. Temos que tomar o anticoncepcional, colocar DIU, anel vaginal e ir atrás de métodos contraceptivos femininos que nem se quer são mencionados para nós. Não nos contam sobre a camisinha feminina, nos contam sobre a camisinha masculina. Temos que lembra-los de colocar a camisinha. Muitas vezes se recusam, dizem que incomoda e que vai ser só dessa vez. Tiram a responsabilidade de si e passam para a mulher. Quando aquilo resulta em uma gravidez, a culpa é dela que aceitou que ele não colocasse a camisinha. Até quando a gravidez é planejada a mulher ainda passa por coisas horríveis em uma sala de parto. Partos forçados, cesárias negadas, cortes desnecessários para adiantar a gestação e pontos dados sem anestesia. (Muitas mulheres não sabem que cortar a vagina para retirar o bebê é covarde e é considerada uma tortura). Depois de adultas somos sujeitas a passar por relacionamentos conturbados, abusivos e muitas vezes torturantes. Não sendo suficiente, sujeitas a estupros, na faculdade, no trabalho, dentro de casa (pelo pai, tio, padrasto, namorado, marido), na rua, entre outros milhares de lugares. Somos mortas, espancadas, amarradas. Temos que ouvir que foi por que merecemos, por que quisemos, por que procuramos. Somos presas, contidas, obrigadas a seguir regras impostas sabe-se lá por quem. Sofremos muitas vezes sozinhas, caladas. Muitas de nós convivem tanto com a crueldade do machismo que ele acaba se impregnando e pra mim não existe nada mais doloroso que uma mulher machista. Essa mulher foi tanto vitima do machismo quanto eu, você que está lendo. Só que inconscientemente ela se entregou, ela desistiu. Muitas não têm noção do que diz, do que faz. Acha normal porque realmente lhes foi ensinado que aquilo é normal. 
                          Não temos liberdade de sair na rua sozinhas pois cada passo está sujeito a um assovio, uma buzinada, um grito, uma olhada, uma mão, até mesmo uma ejaculação em nosso pescoço. Não se tivermos acompanhadas de um homem. Homens sempre respeitam outros homens. De curtir nossas vidas, de sermos independentes e parece que nunca seremos tratadas como iguais. Temos que sofrer abusos e nos calar, pois temos medo das pessoas duvidarem da nossa palavra e do nosso sofrimento não valer de nada.

Esse texto não inclui de forma generalizada as vida de todas as mulheres. Escrevo a partir da minha experiência e de coisas que vi. Tenho consciência que não é toda mulher que acontece todas as coisas, mas tenho certeza que com uma delas, você mulher se identificou.