quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Minha História, Meu Corpo

   Hoje estou aqui pra falar de um assunto delicado demais, mas que já não me afeta mais. Claro que algo me trouxe até aqui, e esse motivo não é nada positivo. Hoje o assunto, sou eu. Bom, tudo começou de fato quando eu comecei a me tornar mocinha, 12 anos, mais ou menos. Minhas amigas já estavam começando a entrar no assunto corpo, seios crescendo e toda essa conversa de puberdade. Foi ai que comecei a me importar mais com meu corpo, querer andar mais arrumadinha, coisa que pra essa idade com certeza não era necessário. Foi nessa idade, no colégio que eu comecei a sofrer por não ter o corpo igual ao corpo de todas as meninas da minha classe. O padrão era claro, magra, alta, cabelo bom e tudo perfeito. Pronto, eu era gorda e baixa, isso com certeza foi um problema. Sofri bastante no colégio, até os 14 anos quando com a mudança de criança para adolescente, de ensino fundamental ao ensino médio por causa de hormônios e mudanças normais para essa idade, meu corpo começou a mudar. 
   Mudar de uma forma que ninguém deixou de reparar e foi ai que a paranoia teve inicio. Eu deitava à cabeça na cama todas as noites e pedia pra qualquer coisa que me ouvisse para ser magra pelo menos um dia, e esse dia chegou, eu estava magra. Eu tinha o corpo que eu queria? Não, eu queria cada dia estar mais magra. E aos 14 anos, foi que a paranoia piorou, eu comecei a comer cada vez menos, não almoçava, não comia nada sustentável, vivia de doces. Meu estomago simplesmente parou de aceitar alimentos salgados, e quando eu tentava comer, ele recusava e mandava tudo de volta, eu tava com bulimia. Eu não tinha controle, então eu simplesmente evitava comer, até chegar a um ponto em que nem os doces eram mais suficientes, apenas líquidos. Eu até hoje não sei ainda o que era pior, o problema em si, o fato de eu achar que tudo aquilo era normal, ou o fato das pessoas que estavam a minha volta acharem que eu não tinha direito de sofrer, pela minha idade. Nesses casos, familiares não dão muita atenção, acham que é coisa da adolescência, mas pessoa, adolescência não é conseqüência. Adolescência é época pra ser vivida, e posso dizer que o inicio da minha prejudicou ela inteira. Quando uns amigos começaram a perceber que algo estava errado, eu simplesmente ignorava, a única coisa que realmente importava, era eu continuar magra pra sempre. 
   Engordar 1 grama pra mim era o fim do mundo. Depois de 1 ano com a doença de não querer me alimentar bem achando que isso iria me ajudar a emagrecer, eu acordei. Comecei a pesquisar e procurar ajuda sozinha. Eu tinha 16 anos quando comecei a tentar comer direito, eu forcei porque sabia que precisava daquilo. Então eu empurrava a comida e obrigava ela a ficar lá. Não vou mentir dizendo que a paranoia com corpo e alimentação passou 100%, mas posso dizer que agora eu tenho controle do meu corpo e da minha boca. Que eu sei exatamente como e o que fazer pra mantê-lo assim. Tenho noção de todas as conseqüências. Hoje tenho 19 anos, faço exercícios físicos e tenho uma alimentação controlada e saudável. Porque a busca do corpo dos sonhos vem acompanha de saúde, porque não adianta nada você desenvolver uma doença na qual você nunca vai chegar naquilo que quer, porque nada vai estar bom. Adolescentes precisam entender que o mundo não vai acabar por um quilo a mais, que existem problemas muito maiores, e um deles é a bulimia e a anorexia. Pra quem já teve problemas com peso, é muito pior. A dor não passa, e parece que isso vai perseguir pra sempre. Mas tudo nessa vida tem que ser feito na medida certa.

Seja sempre você, sempre priorize você!





Se cuidem...